Notícia - 19/12/2023 - Reforma
tributária será promulgada na quarta
Está marcada para esta quarta-feira (20, às 15h,
a sessão do Congresso Nacional destinada à promulgação da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 45/2019, que instituiu a reforma tributária. A matéria foi
aprovada em última instância pela Câmara dos Deputados na noite da sexta-feira
(15).
“Na próxima semana, vamos promulgar essas regras que, tenho certeza, vão
impulsionar a economia e criar condições para que nosso país retome o caminho
de crescimento consistente, com geração de emprego e redução da desigualdade
social. Aguardada há 40 anos, a medida simplifica o sistema e promove justiça
tributária para cobrar mais de quem ganha muito e menos - ou nada - de quem
ganha pouco”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), em
suas redes sociais após a aprovação na Câmara.
A essência da PEC está na simplificação de tributos e do modelo em
funcionamento no país. O texto prevê a substituição de cinco impostos (ICMS,
ISS, IPI, PIS e Cofins) por três: Imposto sobre Bens
e Serviços (IBS) nos estados e municípios; e Contribuição sobre Bens e Serviços
(CBS) e Imposto Seletivo (IS) na esfera federal. A proposta também muda regras
para outros tributos, como os impostos estaduais IPVA e ITCMD e os municipais
IPTU e Contribuição sobre Iluminação Pública.
Alterações
A Câmara dos Deputados retirou trechos incluídos pelos senadores, que
instituíram uma segunda opção de cesta básica, a “estendida”. A rejeição
ocorreu no relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e foi confirmada
após destaque (votação de trechos específicos).
A cesta básica estendida previa alíquota reduzida de 40% de IBS e CBS em
produtos alimentícios. Os mais pobres ainda poderiam resgatar o imposto embutido
no preço de alimentos por meio do mecanismo de devolução chamado cashback (dinheiro de volta). Os itens beneficiados seriam
definidos em legislação posterior e seriam alimentos não previstos na cesta
básica principal, que foi mantida pelos deputados. Ela se chamará Cesta Básica
Nacional de Alimentos e terá isenção dos mesmos impostos.
A Câmara dos Deputados também retirou a obrigação de cobrança de Imposto
Seletivo sobre armas e munições, exceto da administração pública, incluído por
Braga no Senado. Esse tributo servirá para desincentivar produtos e serviços
prejudiciais à saúde e à sustentabilidade ambiental, e será regulado por lei
complementar.
Regimes específicos
Os deputados mantiveram a mudança de Aguinaldo Ribeiro para que serviços aéreos
de transporte coletivo de passageiros, serviços de saneamento e de concessão de
rodovias fossem excluídos de regimes específicos de tributação. Esse tipo de
regime não tem o objetivo de reduzir os impostos sobre os setores, mas adaptar
as regras às características particulares do ramo.
A retirada de exceções às regras gerais tem como objetivo reduzir a alíquota
padrão do futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA). Quando a reforma foi
aprovada pela primeira vez na Câmara, em julho, o Ministério da Fazenda
estimava que o IVA cobrado sobre a maioria dos produtos ficaria entre 24,45% e
27%. Após as mudanças do Senado, o ministro Fernando Haddad calculou que
poderia haver aumento de até 0,5 ponto percentual.
Zona Franca de Manaus
O texto final da Câmara também alterou as regras do Senado sobre o diferencial
competitivo da Zona Franca de Manaus (ZFM). Os deputados rejeitaram a
tributação com a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) no
resto do Brasil sobre bens que tenham industrialização incentivada na ZFM ou
nas áreas de livre comércio. A ideia dos senadores era que a Cide fosse
instituída em 2027 e, com isso, seria extinto o IPI.
Com a mudança, a Cide não será mais cobrada e em 2027 e o IPI terá suas
alíquotas zeradas apenas para os produtos que não tenham industrialização
incentivada na ZFM. Segundo Aguinaldo Ribeiro, a alteração foi precedida por
acordo entre deputados e senadores.
- Diante da forte rejeição à ideia de tributar as demais unidades da federação
com uma Cide, chegou-se ao consenso (...) Na prática, nós teremos o IPI Zona
Franca de Manaus - disse o relator na sessão plenária de aprovação da PEC na
Câmara.
Em seu perfil nas redes sociais, o relator no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM),
comemorou a permanência de incentivos tributários à ZFM, mesmo que com regras
diferentes da proposta por ele:
“Missão cumprida: Zona Franca de Manaus está salva! Em acordo costurado nesta
sexta-feira (15/12), garantimos a competitividade da principal plataforma
econômica do Amazonas (...) Mais de 500 mil pessoas dependem da ZFM para o
sustento da sua família, o nosso estado depende da ZFM para para
seu financiamento”.
Manutenção do texto
Os deputados apresentaram destaques para votar separadamente trechos do
relatório de Aguinaldo Ribeiro. Eles devolveram ao texto a versão do Senado que
eleva o teto do salário dos auditores estaduais e municipais para R$ 41 mil, a
mesma remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Também
mantiveram incentivos ao setor automotivo e a fabricantes de baterias do Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Ao longo do próximo ano, os parlamentares deverão votar leis complementares
para regulamentar a reforma tributária. São essas leis que definirão pontos
fundamentais dos novos impostos, da transição tributária, entre outros
aspectos. Braga espera que duas normas sejam suficientes para cumprir a regra.
“Minha expectativa é de que a reforma tributária possa ser regulamentada com
apenas duas leis complementares já no próximo ano. Isso será fundamental para
que o novo sistema tributário sobre o consumo possa ser implementado,
efetivamente, a partir de 2025” disse em suas redes sociais.
A PEC ainda obriga o governo a enviar, em até 90 (noventa) dias após a
promulgação da PEC, projeto de lei que reforme a tributação da renda e a
tributação da folha de salários (desoneração). O Congresso Nacional aprovou lei
que prorroga por mais quatro anos a desoneração, uma espécie de incentivo
fiscal destinado a 17 grandes setores da economia. O governo federal vetou
completamente o texto, mas os parlamentares derrubaram o veto em 14 de
dezembro. Para o senador Laércio Oliveira (PP-SE), será uma oportunidade para
diminuir impostos.
“Acordo mantido depois de muita articulação para assegurar a manutenção da
emenda apresentada que inclui no texto da reforma tributária, determinando ao
governo que envie, em até 90 dias, um projeto de lei reformando a folha de
pagamentos. Assim poderemos ter menos impostos e mais empregos!”, disse em suas
redes sociais.
Fonte: Agência Senado (https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/12/18/reforma-tributaria-deve-ser-promulgada-esta-semana-dizem-senadores)