30/10/2023 - Notícia - Ministério da Fazenda avaliou
relatório da PEC 45/2019 de forma positiva, afirma Bernard Appy
Secretário extraordinário ressaltou que o texto
apresentado pelo senador Eduardo Braga, relator da Reforma, resolve a maior
parte das distorções do atual sistema
O Ministério da Fazenda avaliou de forma
positiva o relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019
apresentado na quarta-feira (25/10) pelo relator da Reforma Tributária, senador
Eduardo Braga (MDB-AM), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
Federal. O secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, disse
nesta quinta-feira (26/10), em entrevista ao canal de TV por assinatura
GloboNews, que o Ministério espera que não sejam feitas mais alterações no
texto até sua votação na CCJ, prevista para 7 de novembro. A expectativa é de
que os senadores votem a reforma no plenário da Casa nos dias 8 e 9 de
novembro.
Appy deixou claro durante a entrevista que, do
ponto de vista do Ministério da Fazenda, o relatório apresentado por Braga
representa um grande avanço em relação à situação atual, com a resolução da
maioria das distorções que impedem o maior crescimento da economia do país.
Appy observou que o Ministério da Fazenda gostaria que o texto não trouxesse
tantas exceções, mas entende que o projeto “tem que passar pelo crivo
político”.
Guerra fiscal
O secretário reiterou que a Reforma Tributária,
da maneira que está sendo proposta, resolve um dos principais problemas
causados pelo sistema tributário atual: a guerra fiscal. “Hoje a guerra só
serve para indústria e centros de distribuição”, afirmou. “O novo modelo vai
permitir investimento em infraestrutura, em inovação, em desenvolvimento
tecnológico. Vai permitir investimentos em outros setores, como o de serviços”,
acrescentou, exemplificando: “Um estado que tem propensão para desenvolver
software pode alocar e montar um centro de desenvolvimento de software, o que
hoje ele não consegue fazer com os benefícios do ICMS”.
A atual política de concessão de benefícios
fiscais - completamente exaurida, na avaliação do Ministério da Fazenda - será
substituída pela implementação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional
(FNDR), que contará com recursos orçamentários.
Appy também abordou o Imposto Seletivo (IS), que
incidirá sobre produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, os quais serão
definidos em Lei Complementar posteriormente à promulgação da Emenda
Constitucional. O secretário salientou que o relatório restringiu o escopo do
IS. “É importante entender que, do jeito que está a redação, 60% do IS vai para
estados e municípios”, pontuou, reafirmando ainda que a União não usará o IS
para fins arrecadatórios, mas, sim, com objetivos regulatórios, para
“desestimular o consumo daquilo que tem efeitos prejudiciais à saúde ao meio
ambiente”.
Trava
Outro ponto analisado na entrevista foi a trava
constitucional prevista no relatório, que impedirá o aumento da carga
tributária sobre o consumo no país. Appy afirmou que o Ministério da Fazenda
preferia que não houvesse esse limite, mas, segundo ele, o período escolhido
para determinar a trava - de 2012 a 2021, considerando a média da arrecadação
de PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS como proporção do Produto Interno Bruto (PIB)
-, resulta no limite de 12,5%, “que não é o pico nem é o vale, mas um valor
intermediário”.
Appy explicou que o relator optou por determinar
a aplicação da trava em dois momentos: em 2030 para o tributo federal - se a
arrecadação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do IS ultrapassar a
arrecadação de PIS, Cofins e IPI no período de 2012 a 2021 - e em 2035 para o
Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a CBS, se a soma desses dois impostos e
mais a do IS ultrapassar a arrecadação de PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS no mesmo
período.
“Nossa expectativa é de que, se houver algum
ajuste, que não seja muito grande”, disse Appy, pontuando que, como se trata de
um período relativamente longo, estará evitado o problema da utilização de um
único ano “que pode estar fora da curva”. Appy destacou o fato de ter sido
mantida a autonomia de União, estados e municípios para definirem sua alíquota.
“O ideal era não ter a trava”, disse, ressalvando que a negociação política no
Congresso levou a essa opção.
Fonte: Ministério da Fazenda - Publicada em
26.10.2023 (https://www.gov.br/fazenda/pt-br/assuntos/noticias/2023/outubro/ministerio-da-fazenda-avaliou-relatorio-da-pec-45-2019-de-forma-positiva-afirma-bernard-appy)